terça-feira, 9 de junho de 2009

O PROCESSO DE APRENDIZAGEM DO IDOSO: desafios e conquistas

Falar em aprendizagem e conhecimento implica falar tanto em aprender sobre algo, aprender com alguém e aprender sobre si próprio (autor, ano). Isso porque aprender envolve relações sociais, palavras, modelos e implica acima de tudo saber transformar o que aprendeu em ações. Aprender engloba incorporar eventos diferentes, em diferentes momentos. Portanto, para cada pessoa e certamente para diferentes idades esses “eventos” produzem efeitos e significados diversos.
Em relação à idade questiona-se como os idosos aprendem a lidar com as dificuldades relacionadas ao fator envelhecimento, como por exemplo, a dificuldade de andar, de ouvir, a diminuição da visão e outras habilidades e competências que podem comprometer seu desempenho cotidiano em relação à agilidade, à presteza, à resolutibilidade de situações problemas. Todos esses fatores provocam, no idoso, a necessidade de novas aprendizagens, processos de negociação e adaptação em relação a si próprio e em relação ao mundo.
Segundo Catania (1999) a criança tem seu comportamento modelado por conseqüências e cada uma, influenciada pelo modelo vivenciado encontrará sua maneira própria de agir em vista de determinada situação.
Partindo desse referencial, o caso do idoso não é diferente. Dependendo do meio onde vive, de suas condições físicas, emocionais, biológicas, o idoso passará também por um novo processo de reconstrução comportamental correlacionando tanto os aspectos funcionais (comportamental) quanto os estruturais (cognitivo e mental).
Esta correlação de funcional e estrutural determinará o nível de qualidade de vida que esse idoso irá desenvolver. Os fatores ambientais e ações especificas provenientes desses fatores juntamente com sua capacidades física-mental-biológicas, habilidades particulares, processos cognitivos, nível de conhecimento, vivências anteriores serão decisivos para essa determinação. Por exemplo, o idoso com dificuldade em movimentar-se quando entra para uma academia, ou fisioterapia, buscando uma melhora estabelece uma condição funcional para a prevenção de doenças e promoção de sua saúde. E, ainda, quando desenvolve hábitos de leitura, trabalhos manuais, jogos, mantém ativo os processos mentais fundamentais para a cognição e a manutenção de sua memória, garantindo assim do ponto de vista estrutural os elementos necessários ao raciocínio, à tomada de decisão, à reflexão.
O viver é um processo marcado por aprendizagens, aprende-se na infância, na adolescência, na vida adulta e também na velhice. Os períodos anteriores talvez sejam mais facilmente demarcados de maneira progressiva, até mesmo por serem mais claramente definidos através de mudanças físicas, hormonais, aquisição de habilidades, tais como aprender falar, andar... Na velhice, o progressivo muitas vezes não é apresentado ao exterior em forma de evolução, transformação, mas principalmente, e fundamentalmente, deve ser incorporado intra psíquicamente como maneira de garantir a expressão da subjetividade e a não alienação desse sujeito sócio histórico.
Além do mais, o que é ser idoso? O que é velhice? O que determina a entrada nesse status é a idade cronológica? Não. Não há um acontecimento que marque claramente ou estabeleça a velhice, já que o fator idade não é determinante na qualidade de vida. Assim, indivíduos de 50 anos podem estar mais velhos que outros de 60 ou 70 anos que aprenderam a lidar e a gerenciar suas limitações.
Por outro lado, é possível encontrar pessoas ditas jovens e que por um fracasso em seu processo de auto regulação (Bandura, 2008) não apresentam auto eficácia em lidar com as perdas, com a realidade, revelando alterações na aparência, no comportamento, no desempenho social.
Assim, os detalhes devem ser considerados: comportamentos de ansiedade, dificuldade de memorização, lapsos de memória, depressões e dificuldade de interação com os mais jovens devem ser ao mesmo tempo contextualizados e individualizados. Deve-se incentivar atitudes de mudança quanto a hierarquias comportamentais, tornando prioritária a busca pela qualidade de vida, mais que a beleza ou outros fatores que antes eram prioritários na juventude.
A aceitação de si mesmo como idoso, o apoio da família, a disposição para aprender novas tarefas são fatores determinantes na qualidade de vida do idoso e facilitadores para a aprendizagem de sua realidade atual que pode continuar sendo produtiva e feliz.

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