domingo, 14 de junho de 2009

Resenha

LUNARDELLI, Maria Cristina Frollini; CANÊO, Luiz Carlos. A preparação para a aposentadoria: O papel do psicólogo frente a essa questão. Revista Brasileira de Orientação Profissional

Milena Rodrigues é psicóloga formada pela Universidade Estadual Paulista (UNESP), Bauru/SP.

Maria Cristina Frollini Lunardelli é doutora em Educação pela Universidade Estadual Paulista (UNESP),

Marília/SP e professora da área de Psicologia Organizacional e do Trabalho da UNESP, Bauru/SP.

Luiz Carlos Canêo é doutor em Educação pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) de São

Carlos/SP e professor da área de Psicologia Organizacional e do Trabalho da UNESP, Bauru/SP.

Resumo:

Os significados do trabalho são muitos e todos são importantes, pois o homem se produz e reproduz pelo trabalho. É no trabalho que o indivíduo encontra sua identidade como pessoa e como ser social, além disso, o trabalho é o principal regulador da vida, pois o indivíduo organiza seus horários e relacionamentos em função deste.

A sociedade valoriza apenas aqueles que produzem por isso, a aposentadoria é vista somente como um merecido descanso e sim como uma etapa de transição que pode significar uma ameaça ao equilíbrio psíquico do sujeito.

Pensando em qualidade de vida do aposentado entram em ação os psicólogos. Trabalhando este tema na instituição, preparando o trabalhador para a aposentadoria, para que a ruptura com o trabalho aconteça de forma saudável.

Cabe ao psicólogo, como profissional da saúde propor e implementar políticas organizacionais para promoção da qualidade de vida do trabalhador, pensar em ações para o pré-aposentado no contexto organizacional que impeçam sentimentos de inutilidade. Criar um programa de reflexão e preparação para a aposentadoria, para que cada indivíduo com sua subjetividade possam enfrentar essa nova etapa de vida com mais segurança, clareza e melhores condições. E este é um importante programa, pois tem como objetivo principal a re-socialização do pré-aposentado, baseada no respeito ao ser humano e na consciência das profundas modificações que ocorrem no modo de viver desses indivíduos e prevenir a falta de planejamento à aposentadoria, evitando possíveis conflitos e angústias com o término da carreira profissional e ensinar aos futuros aposentados que as possibilidades de ações não se esgotam com o fim da rotina de trabalho.

Palavras-Chave: significado de trabalho; aposentadoria; qualidade de vida.

“Ser velho na sociedade capitalista “É sobreviver. Sem projeto, impedido de lembrar e ensinar, sofrendo as adversidades de um corpo que se desagrega à medida que a memória vai-se tornando cada vez mais viva, a velhice, que não existe para si, mas somente para o outro. E este outro é um opressor.” (Bosi 1994, p.18-19).” P. 54

“Assim, a perda do vínculo, com tudo o que representa “estar trabalhando”, pode ter influência na identidade pessoal, uma vez que a aposentadoria acarreta modificações nas relações instituídas entre o indivíduo e o sistema social. A aposentadoria traz para os indivíduos um conjunto de perdas que eram valores importantes, tais como o convívio com os colegas, o “status” social de pertencer a uma organização, o poder de exercer influência sobre os outros, assim como a própria rotina enquanto referencial de existência (Uvaldo, 1995).” P. 55

“A aposentadoria é uma fase que provoca mudanças e pode gerar ansiedades no indivíduo, considerando-se sua história na relação com o grupo social ao qual pertence. Sua identidade, como pessoa e como ser social, pode ficar ameaçada. É, ainda, um período de enfrentamento de outra questão: a de ser considerado velho.” P. 55

“Assim, para se pensar em ações direcionadas à qualidade de vida do aposentado, é necessário compreender o que significa para um indivíduo se aposentar, qual o significado desse processo em sua vida; pois, a aposentadoria constitui-se numa etapa de transição que pode significar uma ameaça ao seu equilíbrio psíquico, ao ameaçar a sua identidade como pessoa e como ser social. Faz-se necessário, então, que órgãos governamentais e não-governamentais estimulem a criação de programas de reflexão sobre a aposentadoria, por meio de organizações públicas e privadas de diferentes naturezas (entidades de classe, instituições sociais, empresas, órgãos públicos etc.).” P. 57

“León (2000) afirma que o comprometimento da aparência pessoal, da saúde e do desempenho em relação à execução de algumas tarefas, mesmo que não atinja todos indivíduos, pode reforçar alguns preconceitos em relação aos aposentados, podendo

assim a aposentadoria ser visualizada como um demarcador temporal do envelhecimento.” P. 58

“Conforme Bosi (1994, p.79), “o velho sente-se um indivíduo diminuído, que luta para continuar sendo homem. O coeficiente de adversidade das coisas cresce: as escadas ficam mais duras de subir, as distâncias mais longas a percorrer, as ruas mais perigosas de atravessar, os pacotes mais pesados de carregar. ”” P. 58

“Além do comprometimento físico, a aposentadoria pode também representar perdas materiais, psicológicas e sociais, como a queda dos rendimentos financeiros, desligamento dos colegas de trabalho, perda do status social que o trabalho proporcionava, entre outros, o que pode incidir na diminuição da auto-estima e da motivação, ocasionando adoecimento mental que se reflete em crises depressivas, ansiedade, alcoolismo e até mesmo no suicídio.” P. 58

“Segundo Zanelli e Silva (1996), na iminência da aposentadoria, os sentimentos se misturam e, por vezes, se contradizem, pois a possibilidade concreta de parar de trabalhar conflita-se com o medo do tédio, da solidão, da instabilidade financeira e de doenças.” P. 59

“Dentro desse contexto, é fundamental pensar em ações para o pré-aposentado no contexto organizacional que impeçam sentimentos de inutilidade, evitando que a falta de reflexão faça com que a aposentadoria seja vivida sobre o prisma do adoecimento, inutilidade e ociosidade.” P. 59

“Outro ponto a ser destacado em um Programa de reflexão e preparação para a aposentadoria é sua importância nas organizações, pois é o investimento na qualidade de vida do indivíduo que muitas vezes, preteriu sua vida pessoal e familiar para se dedicar ao trabalho, e que, em breve, deixará a organização.” P. 60

“Ao investir na construção de ações de qualidade de vida nas organizações, a exemplo do Programa de reflexão e preparação para a aposentadoria, o psicólogo estará auxiliando na implementação de políticas que promovam o atendimento dessas necessidades, especialmente em se tratando do bem-estar psíquico, exercitando a dimensão política e educativa de seu papel profissional.” P. 60

Nenhum comentário:

Postar um comentário