quarta-feira, 10 de junho de 2009

Resenha

FALEIROS, Nayara de Paula; JUSTO, José Sterza. O idoso asilado: a subjetividade intramuros. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia. v. 10, n°3, RJ, 2007, p.1 a 16.
Bibliografia
Nayara de Paula Faleiros
Psicóloga formada pela UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA (UNESP), foi bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo - FAPESP durante a graduação. Atualmente é aluna da pós-graduação da UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO (UNIFESP) no departamento de Ginecologia. Tem experiência, principalmente, nas áreas de Psicologia do Desenvolvimento e Psicologia Social (idoso, brinquedoteca, brincar/brinquedo, adolescente/sexualidade) e Sexualidade feminina (disfunção sexual, transição menopausal, pós-menopausa, histerectomia).
José Sterza Justo
É professor Livre-Docente em Psicologia do Desenvolvimento pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho e docente do curso de graduação e pós-graduação em Piscologia pela UNESP - campus de Assis. Possui graduação em Psicologia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1975), mestrado em Psicologia Educacional pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1981) e doutorado em Psicologia (Psicologia Social) pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1989). Tem experiência na área de Psicologia, com ênfase nas áreas de psicologia do desenvolvimento e social, atuando principalmente nos seguintes temas: migração, errância, andarilhos, nomadismo; terceira idade, adolescência e contemporaneidade.
Resumo
Este artigo tem o objetivo voltado para o processo de envelhecimento humano. Dando enfâse na vida rotineira dos idosos, no qual, passam este período tão imporatante de suas vidas em asilos. O artigo a seguir foi baseado em pesquisa com idosos residentes de uma instituição asilar de Assis/SP. A entrevista foi feita com 21 idosos (13 homens e oito mulheres). O resultado da análise das entrevistas demostrou qual é a percepção dos idosos asilados têm de si mesmos e como a instituição asilar é heterogênea. Pequena parte dos asilados reconhece o processo de institucionalização pelo qual passam e nomeiam os aspectos positivos e negativos. A vida ápos a entrada no asilo e a vivida anteriormente fazem com que a subjetividade de cada um demarque o início de inúmeras diferenças.
Palavra-Chave: Envelhecimento. Asilo. Família.
“As pesquisas desenvolvidas atualmente nas áreas geriátrica, gerontológica e da Psicologia do desenvolvimento têm, em sua grande parte, procurado desinstitucionalizar o conceito de envelhecimento populacional conhecido até então, seja pela reafirmação deste como processo integrante da experiência vivencial dos indivíduos, seja pela desconstrução dos estereótipos a ele imprimidos”. (FALEIROS E JUSTO, 2007, p.2)
“Desde seu início, a função do espaço asilar não era promover a recuperação do indivíduo ali residente e incentivar sua volta ao convívio social mais amplo, como acontece nos hospitais, por exemplo”. (FALEIROS E JUSTO, 2007, p.4).
“O contato dos idosos residentes com esses familiares em geral é escasso. Poucos idosos mencionaram serem visitados assiduamente por eles. Percebemos que mesmo aqueles que possuem familiares próximos – na mesma cidade ou em cidades contíguas – se sentem extremamente dependentes dos cuidados do asilo, abandonados pela sociedade, pela família e a caminho da morte. Junto com as perdas sociais já sofridas pelo envelhecer, o rompimento dessa rede relacional – de forma abrupta ou não – acentua a tendência ao isolamento psicossocial dos internados, que têm poucas trocas afetivas também em relação aos outros moradores”. (FALEIROS E JUSTO, 2007, p.7 e 8).
“As visitas de voluntários, amigos e curiosos costumam ser a maioria no caso da instituição em estudo, conforme nossa experiência de trabalho lá desenvolvida. Os motivos do afastamento familiar, após a institucionalização de boa parte dos entrevistados, não foram evidenciados em nenhuma das respostas dadas. Segundo nosso ponto de vista, seria necessário um acompanhamento sistemático dos envolvidos – idosos e familiares – para melhor compreensão dessa dinâmica e motivações, o que requeriria um estudo específico”. (FALEIROS E JUSTO, 2007, p.8).
“A partir do exposto, acreditamos que a concepção da velhice asilada como um processo de constantes perdas, que traz ao indivíduo a sensação de não poder mais viver suas potencialidades de forma plena e relacionar-se com o porvir, é uma representação da maioria dos residentes. Apesar de a velhice estar ainda vinculada às construções das idéias de morte e declínio das funções vitais, vimos a importância de não reduzirmos o envelhecimento à homogeneização, pois há aqueles que percebem o asilo como mais um local de passagem, assim como outros já vividos”. (FALEIROS E JUSTO, 2007, p.12).
“Acreditamos que o processo de institucionalização se relaciona intimamente com essa representação conflituosa de si. Por um lado, sentem-se acolhidos pela instituição porque não ocupam mais um lugar na rede relacional comunitária em que estavam inseridos, recebendo cuidados essenciais à sua sobrevivência;6 por outro, se sentem marginalizados em relação a esse mesmo meio social, carentes do contato com os outros e de exercerem ativamente sua cidadania, liberdade de ir e vir, de se expressar, de tomar decisões etc.”. (FALEIROS E JUSTO, 2007, p.13).
“Poucos idosos entrevistados desenvolvem alguma atividade que lhes desperta prazer ou que lhes exige certa dose de esforço pessoal e perspectivas futuras. Aqueles que possuem algum afazer se encontram em claro contraste com uma estrutura estagnante, que cultiva a idéia de que o asilo é apenas um “lugar de descanso” e estar lá significa “estar fora do mundo”, não restando mais o que fazer”. (FALEIROS E JUSTO, 2007, p.13).
“Muitos idosos abraçam essa idéia de invalidez e mergulham num estado depressivo ao visionarem apenas as perdas e faltas constantes e procuram, então, se reafirmar a partir da própria doença”. (FALEIROS E JUSTO, 2007, p.14).

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