domingo, 14 de junho de 2009

Resenha

ARAÚJO, L. F.; CARVALHO, V. M. L. Aspectos Sócio-Históricos e Psicológicos da Velhice. MNEME REVISTA DE HUMANIDADES. V. 6, n. 13, dez.2004/jan.2005
Disponível em http://www.seol.com.br/mneme


Ludgleydson Fernandes de Araújo
Mestrando em Psicologia Social e Especialista em Gerontologia
Pesquisador do Núcleo de Pesquisa Aspectos Psicossociais de Prevenção e Saúde Coletiva
Universidade Federal da Paraíba

Virgínia Ângela M. de Lucena e Carvalho
Doutora em Desenvolvimento Adulto e Envelhecimento Humano - Universidade de Salamanca-Espanha
Professora do Departamento de Serviço Social e Programa de Pós-Graduação em Serviço Social
Coordenadora da Base de Investigação Multidisciplinar em Desenvolvimento Humano e Envelhecimento
Universidade Federal da Paraíba

RESUMO:

A busca pela eterna juventude é assunto que vem desde a mais remota história, mas na última década o envelhecimento e a longevidade despertaram maior interesse devido ao aumento da perspectiva de vida. Os primeiros trabalhos científicos sobre envelhecimento humano começaram a aparecer no século XIV, desde então se buscava entender o processo que levava o indivíduo a envelhecer.
Até o século XIV, o velho era tratado como um sujeito incapaz der produzir. No início da década de 1920, questões sobre o envelhecimento começaram a aparecer em pesquisas científicas que basicamente abordavam as transformações fisiológicas, pois do ponto de vista comportamental, dizia-se ser uma fase pouco produtiva.
Só no final da década de 1950 é que o interesse da Psicologia pelo envelhecimento começou a crescer, devido ao aumento do número de idosos.
Na Psicologia do Desenvolvimento, os pesquisadores não encontravam respostas sobre a subjetividade do envelhecimento nem sobre a velhice côo fato social, mesmo já existindo a Gerontologia, a Psicologia do Envelhecimento se expandiu, área que se dedica às alterações do comportamento no envelhecimento é tema recente, mas que vem crescendo significativamente, pois se trata de uma fase do desenvolvimento humano tão importante quanto às demais.

Palavras-chave
Velhice – Envelhecimento humano – Abordagem sócio-histórica e psicológica

“No século XVI começaram a aparecer os primeiros trabalhos científicos acerca do envelhecimento humano, com representantes como Bacon, Descartes e Benjamim Franklin que acreditavam ser apenas o desenvolvimento de métodos científicos eficazes para ‘vencer’ as transformações da velhice. Francis Bacon (1561-1626) escreveu “A História Natural da Vida e da Morte e a Prolongação da Vida”, defendendo a idéia de que um espírito jovem inserido em um corpo velho faria regredir a evolução da natureza. Benjamim (1745-1813) por sua vez é o primeiro a dizer que são as doenças responsáveis pela morte e não o envelhecimento – que não é doença. (Azevedo, 2001; Leme, 1996).”

”Percebe-se que na atualidade é negado ao velho sua função social, uma vez que habilidades como aconselhar e lembrar são mecanismos não valorizados, sendo decorrente a opressão à velhice. Esta se dá a partir de mecanismos institucionais visíveis como, por exemplo, as casas de ‘repouso’, asilos, bem como por questões psicológicas (a tutelagem, a inexistência do diálogo, discriminação) e mecanismos científicos com pesquisas que demonstram deterioração física, deficiência nas relações interpessoais (Chauí, 1994).”

“As questões concernentes ao envelhecimento humano ganharam destaque na pauta das pesquisas científicas no início da década de 1920, com investigações que contemplavam, basicamente, as transformações fisiológicas e suas perdas para o organismo nesta fase do desenvolvimento. Estudos pioneiros, como os realizados por Stanley Hall, marcaram esta fase embrionária, enfocando a velhice entre os acadêmicos com a publicação, em 1922, da obra Senescence: the hall of life (Paiva, 1986).”

“É preciso que se estabeleça respeito pelo idoso, reconhecendo-o enquanto ser humano que, se por vezes apresenta uma certa diminuição de suas habilidades físicas e sensoriais, possui outras qualidades que podem ser igualmente importantes (Del Prette, 1999).”

“Não obstante, faz-se necessário conhecer como que esse constructo sócio-histórico e cultural tem perpassado a formulação de teorias e pesquisas que vislumbram explicar e predizer as manifestações psicossociais da velhice e do processo de envelhecimento humano.”

“O envelhecimento era tratado como uma fase em que existem perdas, havendo perdas gradativas das capacidades tanto físicas quanto psíquicas.”

“Segundo Baltes (1995), a evolução do campo da psicologia do envelhecimento, no século XX, acarretou mudanças também na natureza da psicologia do desenvolvimento que, em vários países, especialmente nos EUA, era um campo sobreposto ao da psicologia infantil.”

“Erik Erikson um dos pioneiros nos estudos sobre o desenvolvimento humano, com a formulação da Teoria do Desenvolvimento durante toda a vida (1963,1964), explicitava que o desenvolvimento se processa ao longo da vida e que o sentido da identidade de uma pessoa se desenvolve através de uma série de estágios psicossociais durante toda a vida (Bee & Mitchell, 1984).”

“Segundo Neri (1995),

a psicologia do envelhecimento é hoje a área que se dedica à investigação das alterações comportamentais que
acompanham o gradual declínio na funcionalidade dos vários domínios do comportamento psicológico, nos anos
mais avançados da vida adulta (p.13).”

“Um dos desafios enfrentados pela psicologia do envelhecimento a priori foi conciliar os conceitos de desenvolvimento e envelhecimento, tradicionalmente tratados como antagônicos, tanto pelos cientistas, quanto pela sociedade civil e a família, tendo em vista que se considerava a velhice como um período sem desenvolvimento. Essa questão poderia ser amenizada com a ajuda da sociedade, se esta providenciasse uma maior focalização em torno da longevidade, da saúde física e da adequação do ambiente às peculiaridades da velhice.”

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